sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

gaza

O filho da vizinha berra, ele berra há horas e então pára. Me sinto mais sozinho, eu e meus sete pianos de cauda. Olho para o alto e só tem fumaça pra se ver, tudo tão lindo antes.

Eu penso em você, Laila. Menos em você que nas suas saias saindo das coxas bambas de tanto baile, mas ainda é você.

tudo é longe e estúpido agora. Você sabe...coisas da vida. Não dá pra desviar a cabeça da fumaça nem pra mexer as coisas presas debaixo da minha cintura. Nem meu braço esquerdo eu consigo mexer. Espero.

...


A fumaça já vai sumindo e eu me sinto no fim. Pego no bolso da camisa o meu último cigarro, boto na boca acendo a fumaça sobe e tudo some e aí acaba tudo, Laila, a vizinha, o cachorro que eu nunca comprei pro meu filho quando podia pensar em ter um filho.

Morri num bombardeio pra nascer de novo num quarto de hotel.

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