domingo, 17 de outubro de 2010

domingo, 24 de janeiro de 2010

um começo de uma idéia que talvez seja quase bôa.

Um super-herói da Nouvelle Vague (francês, portanto) por algum motivo viaja no tempo até um momento distante no século XXI, sofrendo com o processo de adaptação e buscando ali um novo meio de continuar seu trabalho de super-herói. Não é uma comédia, mas um pesado drama humano inserido no código cinematográfico de um filme de super herói - ou seja, um filme de ação com cenas picantes e interpretação franco-sessentista.
O orçamento não deve ultrapassar o preço de uma perua kombi 0km, segundo tabela da época do início da produção.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Ensaio pruma crônica familiar (ou "em busca de um umbigo mais antigo")

Em Keret Lunga todo mundo era feliz - tão feliz, mas tão feliz, que não sobrou ninguém naquele pedacinho de ruas poeirentas com sorte, mas no mais das vezes coberta pela lama, pedregulhos ou uma neve que não tem parentes fora do Leste Europeu, ladeada aqui e ali por casas simples, de pedra e palha.

Com o tempo, quem sabe, ruas mais retas, prédios frios de cimento barato, face dura, uniforme, pontas de ferro retorcidas nas extremidades, repletos de pequenos escritórios ou moradas dos gloriosos camaradas.

Talvez nada disso. Talvez, sempre, uma pequena e próspera cidadezinha mercantil-rural, com suas crianças com carinha de cingenä correndo de orelha furada e roupa remendada, as escolas, os homens sérios embigodados, os pavores da guerra, as esposas roubadas no caminho para Tighina.

De repente, fuga por Viena, Paris, Marselha, o mar inteiro, o Rio de Janeiro, São Paulo, o cortiço, a fábrica, os compadres e o futebol alvinegro - a família inteira indo e perdendo os sotaques, as palavras, os costumes e tudo aquilo.

Foi-se Keret Lunga, tão longe que não tem mais jeito de se olhar pra trás.