segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Medley

Ouviu os passos como quem ouve um telefone público tocar de muito longe. Sentia o calor subindo pela sua coluna acima, mas não conseguia desviar a atenção. Quando a porta abriu, num rompante assustador, ele não se sobressaltou e nem parou o movimento, que ficava cada vez mais rápido e impossível de se deter. A realidade agora era outra, ele não sentia o ao redor, não ouvia o grito de surpresa/nojo/reprovação que vinha da porta, não via ninguém no seu quarto além de si mesmo. Selvagem, continuou até o fim, o suado, frenético e retumbante fim.

Ele saiu daquela casa, cresceu por fora e por dentro, e hoje é o maior bailarino flamenco judeu de toda a Holanda.

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